Admirável esquecimento
Que por entre as pedras
Te entalas,
Em poeiras de memórias
Rasgadas
Nas folhas secas de vidas
Passadas.
Admirável, o sentimento
Que te entrego
E que te embalavem sofrimento
Ouvindo a sinistra amargura
Sibilar e ecoar
No firmamento
Onde procura
A doçura
do contentamento
Que se arrasta e se derrete
No espelho contrário se repete
Invertido, se dobra em leque
Tão confuso como a gota
Que se dispersa, ondulante e redonda
Na água adormecida que não se compromete.
Não te admiro
Muito menos te venero
Muito pouco eu já espero
Que olhes, ingrato à minha loucura.
Só o chão poderá ser um dia,
Quem sabe, no tempo
Sincero
Num segundo cinzento
A tua única partitura.
Clara Godinho
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